A escravatura e a Guerra da Secessão nos Estados Unidos

Animação dos territórios e estados dos Estados Unidos que proibiam e permitiam a escravidão, 1789–1861.
Logo depois do descobrimento da América por Cristóvão Colombo, em 1492, se percebeu estar perante uma enorme massa de terra, prometedora, rica de recursos naturais, mas habitada, em determinadas regiões, por índios selvagens, livres e hostis.

Cristóvão Colombo desembarcando nas Américas, em pintura de John Vanderlyn de 1847 exposta no congresso 
Com o avanço do homem branco para Oeste e o consequente descobrimento de novas terras e mais índios, foi preciso recorrer à importação de colonos vindos da Europa, para ocupar o melhor possível as novas terras encontradas. As terras eram distribuídas pelo governo aos novos colonos, que se dedicavam depois à agricultura, principalmente no Sul, onde a terra era mais produtiva e o clima mais ameno. 
O relacionamento com os naturais foi sempre difícil e houve várias batalhas travadas e escaramuças entre índios e brancos, pela posse efectiva das terras. Mas o índio, habituado à caça do bisonte e à pesca, no intervalo das guerras com outras tribos, não tinha aptidão para o trabalho rural e agrícola, vivendo apenas do que a natureza lhe dava.

Com o avanço da colonização, o Norte foi ficando mais moderno, industrializado, recorrendo a mão de obra assalariada. O Sul, com uma economia baseada nas grandes plantações, precisava de mão de obra em grande quantidade, impossível de encontrar no País.

Tal como aconteceu no Brasil e outros novos países americanos, a solução passava por importar mão de obra mas escrava, mais barata e propriedade do seu senhor, para toda a vida, como já havia acontecido em S. Tomé e Príncipe, nas plantações de cacau e café.
Peter, um escravo de Baton RougeLouisiana, em 1863. As cicatrizes são resultado das chibatadas de seu capataz, que foi afastado logo após o fato. Foram necessários dois meses para se recuperar do açoitamento.
E as importações escravas foram aumentando à medida que aumentavam os domínios de plantação e a respectiva produção.
E muitas vezes o escravo tinha de suportar os maus tratos dos seus amos, como ainda tinha de se defender, dos ataques repentinos dos índios. (Chamo a atenção para o blogue Buala, onde estes e outros acontecimentos são descritos ao pormenor, com um escravo angolano).
Plantação de algodão na Geórgia.
Tudo leva a crer que o grande aumento de escravos no Sul, a forma como eram tratados e humilhados pelos seus senhores, foi criando ano após ano um mau estar no Norte, que não cultivava qualquer simpatia pela escravidão, tendo nascido vários movimentos contra, até à intervenção do próprio governo. Mas os estados do Sul, mais conservadores e habituados às mordomias trazidas pela escravatura, declararam a sua secessão e formaram os Estados Confederados da América, conhecidos como Federação ou Sul.

"Patrulhadores de escravos", compostos maioritariamente de brancos pobres, tinham a autoridade de parar, revistar, torturar e até matar escravos que violassem os códigos do escravo americano. Acima,caricatura nortista dos patrulhadores capturando um escravo fugitivo, em um almanaque abolicionista.

E foi assim que em 1861 teve início a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra de Secessão, que durou quatro anos, até 1865. A desagregação da América, estava assim por um fio.
Após sangrentos combates, onde morreram mais de 600 mil soldados e de terem ficado praticamente destruídas todas as estruturas produtivas, a Confederação perdeu a guerra e a escravatura foi abolida. Seguiu-se um moroso e complexo processo de reconstrução, a unidade nacional retornou e a garantia de direitos civis aos escravos libertos iria começar.
Em 1863, o exército da União aceitava escravos libertos. Na imagem, jovens soldados negros e brancos
De notar que na Guerra da Secessão lutaram e muitos perderam a vida, pelo lado da União (Norte), cerca de 186 mil afro americanos, entre os quais cerca de 7 mil oficiais, que reforçaram o lado Norte, principalmente durante os dois últimos anos da guerra. Nestes números, estão incluídos negros livres do Norte que quiseram dar o seu contributo e negros do Sul, escravos que conseguiram fugir ao martírio.
A tomada de Nova Orleans por couraçados da União, que afundaram a frota confederada
Do lado Sul (Confederação) negros escravos e já livres, foram utilizados para o trabalho manual e houve um aceso e difícil debate no Congresso Confederado, para saber se deviam ou não ser armados e em que condições. Apenas no último mês da guerra, os escravos foram autorizados a treinar e a receber armas.

Representação da Batalha de Fort Sumter



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