Animação dos territórios e estados dos Estados Unidos que proibiam e permitiam a escravidão, 1789–1861. |
Cristóvão Colombo desembarcando nas Américas, em pintura de John Vanderlyn de 1847 exposta no congresso |
Com o avanço do homem branco para Oeste e o consequente descobrimento de novas terras e mais índios, foi preciso recorrer à importação de colonos vindos da Europa, para ocupar o melhor possível as novas terras encontradas. As terras eram distribuídas pelo governo aos novos colonos, que se dedicavam depois à agricultura, principalmente no Sul, onde a terra era mais produtiva e o clima mais ameno.
O relacionamento com os naturais foi sempre difícil e houve várias batalhas travadas e escaramuças entre índios e brancos, pela posse efectiva das terras. Mas o índio, habituado à caça do bisonte e à pesca, no intervalo das guerras com outras tribos, não tinha aptidão para o trabalho rural e agrícola, vivendo apenas do que a natureza lhe dava.
Com o avanço da colonização, o Norte foi ficando mais moderno, industrializado, recorrendo a mão de obra assalariada. O Sul, com uma economia baseada nas grandes plantações, precisava de mão de obra em grande quantidade, impossível de encontrar no País.
Tal como aconteceu no Brasil e outros novos países americanos, a solução passava por importar mão de obra mas escrava, mais barata e propriedade do seu senhor, para toda a vida, como já havia acontecido em S. Tomé e Príncipe, nas plantações de cacau e café.
Peter, um escravo de Baton Rouge, Louisiana, em 1863. As cicatrizes são resultado das chibatadas de seu capataz, que foi afastado logo após o fato. Foram necessários dois meses para se recuperar do açoitamento. |
E as importações escravas foram aumentando à medida que aumentavam os domínios de plantação e a respectiva produção.
E muitas vezes o escravo tinha de suportar os maus tratos dos seus amos, como ainda tinha de se defender, dos ataques repentinos dos índios. (Chamo a atenção para o blogue Buala, onde estes e outros acontecimentos são descritos ao pormenor, com um escravo angolano).
Plantação de algodão na Geórgia. |
Tudo leva a crer que o grande aumento de escravos no Sul, a forma como eram tratados e humilhados pelos seus senhores, foi criando ano após ano um mau estar no Norte, que não cultivava qualquer simpatia pela escravidão, tendo nascido vários movimentos contra, até à intervenção do próprio governo. Mas os estados do Sul, mais conservadores e habituados às mordomias trazidas pela escravatura, declararam a sua secessão e formaram os Estados Confederados da América, conhecidos como Federação ou Sul.
"Patrulhadores de escravos", compostos maioritariamente de brancos pobres, tinham a autoridade de parar, revistar, torturar e até matar escravos que violassem os códigos do escravo americano. Acima,caricatura nortista dos patrulhadores capturando um escravo fugitivo, em um almanaque abolicionista. |
E foi assim que em 1861 teve início a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra de Secessão, que durou quatro anos, até 1865. A desagregação da América, estava assim por um fio.
Após sangrentos combates, onde morreram mais de 600 mil soldados e de terem ficado praticamente destruídas todas as estruturas produtivas, a Confederação perdeu a guerra e a escravatura foi abolida. Seguiu-se um moroso e complexo processo de reconstrução, a unidade nacional retornou e a garantia de direitos civis aos escravos libertos iria começar.
Em 1863, o exército da União aceitava escravos libertos. Na imagem, jovens soldados negros e brancos |
De notar que na Guerra da Secessão lutaram e muitos perderam a vida, pelo lado da União (Norte), cerca de 186 mil afro americanos, entre os quais cerca de 7 mil oficiais, que reforçaram o lado Norte, principalmente durante os dois últimos anos da guerra. Nestes números, estão incluídos negros livres do Norte que quiseram dar o seu contributo e negros do Sul, escravos que conseguiram fugir ao martírio.
A tomada de Nova Orleans por couraçados da União, que afundaram a frota confederada |
Do lado Sul (Confederação) negros escravos e já livres, foram utilizados para o trabalho manual e houve um aceso e difícil debate no Congresso Confederado, para saber se deviam ou não ser armados e em que condições. Apenas no último mês da guerra, os escravos foram autorizados a treinar e a receber armas.
Representação da Batalha de Fort Sumter |